Cheguei em Brasília exatamente às 17:00 de uma segunda-feira nublada. Joguei minhas coisas no chão do apartamento e me joguei na cama com meus pensamentos totalmente desorganizados. Agora sim, eu podia ver que a distância existe. Não liguei para o Bruno. Ele também não me ligou. Será que já tinha arrumado outra? Será que conheceu uma loirinha sem sal na volta pra casa? Meu Deus, por que eu estou assim? Eu nem sou do tipo que se bate por algum homem. Por que agora eu tenho que passar por isso? Só sei que estou totalmente perdida. E o Bruno não me liga, e o sono não chega, e as horas não passam... Mas que sensação ridícula é essa? Eu não tenho 15 anos para ficar sentindo como se meu mundo inteiro tivesse chegado ao fim só porque aquele deus do Nilo mora em outra região. Que droga.
Fiquei uma semana inteira me roendo por dentro. Trabalhava com o Bruno na cabeça. Ía para a aula com o Bruno na cabeça. E ele começou a aparecer em todos os lugares que eu ia. Em todos os cantos eu o via. E não era ele. Até que nove dias depois, quando eu tinha esquecido ele por dois minutos, meu celular tocou e aquela voz maravilhosa perguntou se eu senti saudades. Não... quê isso! Eu sentir saudades? CLARO QUE EU SENTI! É claro, também que eu não disse isso. Respondi que senti saudades e perguntei quando íamos nos ver de novo. Ele disse que não sabia... Perguntei se ele ia se transferir pra Brasília, ele novamente disse que não sabia. Então a gente falou mais umas coisas da vida e desligamos, como dois amigos desligam o celular. Dois amigos... Era isso mesmo que nós tínhamos virado?
Se passaram duas, três, quatro semanas... O Bruno sumiu, literalmente. É por isso que eu estou aqui, novamente, deitada na minha cama, com meus pensamentos perdidos, com um coração meio ferido, com mil e uma dúvidas e mil respostas na cabeça. Por que ele me deixou assim, sem explicação? Eu fiz algo errado? A verdade é que eu deixei de ser novidade. E figurinha repetida não completa álbum de ninguém. E amor de carnaval dura apenas no carnaval...