sábado, 14 de janeiro de 2012

Amor de carnaval... Parte III (Final)



Cheguei em Brasília exatamente às 17:00 de uma segunda-feira nublada. Joguei minhas coisas no chão do apartamento e me joguei na cama com meus pensamentos totalmente desorganizados. Agora sim, eu podia ver que a distância existe. Não liguei para o Bruno. Ele também não me ligou. Será que já tinha arrumado outra? Será que conheceu uma loirinha sem sal na volta pra casa? Meu Deus, por que eu estou assim? Eu nem sou do tipo que se bate por algum homem. Por que agora eu tenho que passar por isso? Só sei que estou totalmente perdida. E o Bruno não me liga, e o sono não chega, e as horas não passam... Mas que sensação ridícula é essa? Eu não tenho 15 anos para ficar sentindo como se meu mundo inteiro tivesse chegado ao fim só porque aquele deus do Nilo mora em outra região. Que droga.
         Fiquei uma semana inteira me roendo por dentro. Trabalhava com o Bruno na cabeça. Ía para a aula com o Bruno na cabeça. E ele começou a aparecer em todos os lugares que eu ia. Em todos os cantos eu o via. E não era ele. Até que nove dias depois, quando eu tinha esquecido ele por dois minutos, meu celular tocou e aquela voz maravilhosa perguntou se eu senti saudades. Não... quê isso! Eu sentir saudades? CLARO QUE EU SENTI! É claro, também que eu não disse isso. Respondi que senti saudades e perguntei quando íamos nos ver de novo. Ele disse que não sabia... Perguntei se ele ia se transferir pra Brasília, ele novamente disse que não sabia. Então a gente falou mais umas coisas da vida e desligamos, como dois amigos desligam o celular. Dois amigos... Era isso mesmo que nós tínhamos virado?
         Se passaram duas, três, quatro semanas... O Bruno sumiu, literalmente. É por isso que eu estou aqui, novamente, deitada na minha cama, com meus pensamentos perdidos, com um coração meio ferido, com mil e uma dúvidas e mil respostas na cabeça. Por que ele me deixou assim, sem explicação? Eu fiz algo errado? A verdade é que eu deixei de ser novidade. E figurinha repetida não completa álbum de ninguém. E amor de carnaval dura apenas no carnaval...

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Desabafo de número infinito.




Estou cansada do óbvio. Estou cansada de ser uma eterna solitária e buscar abrigo nas coisas que eu escrevo. Isso cansa fácil demais. Me entenda. Eu não consigo me definir, mas pelo que percebo, sempre me defino. Passar o dia na frente de um computador não é legal. Ir ao cinema sozinha quase sempre, não é legal. Estou quase preferindo andar mal acompanhada do que andar só. Porque ser sozinho é tão triste e escuro.
         Ouço minhas músicas melancólicas que você tanto odeia e me lembro de você. Minhas músicas francesas que você acha cafona, chata... eu ouço todas elas e lembro de você. Você nem imagina isso, não precisa! Se você souber o quanto eu penso em você, vai sair correndo gritando que sou louca, obcecada. E eu não sou isso, eu tenho certeza. Pensar numa pessoa que você gosta, que você passou momentos maravilhosos, não é loucura. Olha pelo lado bom, eu penso em você e não no seu dinheiro. Eu não ligo pra quanto você tem na carteira ou a marca do seu sapato. Eu nem te peço presentes caros, eu não preciso disso. Eu só preciso de você, se é que você me entende.
Olha, você podia ser um pouco mais sensato. Você ainda é do tipo que procura as meninas vazias, que só falam em chapinha e desfile da SPFW. Você não quer conversar sobre política e futebol comigo. Porque você sente como se eu tivesse tomando o seu espaço. Isso é mentira! Eu só quero conversar com você. Por que você reclama quando eu jogo Nintendo wii, mas quando você está jogando nem olha na minha cara? Estou cansada disso. Você é óbvio demais pra mim. Você é fácil de decifrar. Você não tem mistério algum. Você não gosta de se aventurar comigo. Você me esconde dos seus amigos porque eu não tenho tanto dinheiro quanto as herdeiras com quem você costuma se envolver. Mas a boca delas não faz nem metade do que a minha faz. Elas tem nojo de algumas coisas em você. Elas podem te achar gordo, podem reclamar que você é grudento demais. E podem até dizer que você não é tão rico quanto elas queriam que você fosse. Elas reclamam de você com as amigas. E você acha elas o máximo, porque na lógica, você gosta de ser pisado. É essa a felicidade que você acha que tem? Enquanto eu te aceito de qualquer jeito, com qualquer perfume, com qualquer humor, você reclama de mim.
Então é isso. Eu cansei de você. Eu não vou me vingar, te pisar, te maltratar. Eu só não vou mais atender as suas ligações no meio da madrugada. Eu vou te deixar sem mim.

Amor de carnaval... Parte II



Na mesma noite voltei para a casa com o Bruno e a Mari e um silêncio. Eu me sentia envergonhada, bêbada e livre. Mariana dormiu de tão embriagada. E Bruno só dirigia. E como dirigia! Aquela pele morena, toda marcada pelo meu batom e aquele cheiro de homem se contorcendo de tesão. Eu juro que eu não imaginava viver aquilo tudo com um cara daqueles. Eu, no auge dos meus 23 anos, me sentia com 16, como se aquela fosse a primeira vez que eu soltasse meu fogo em cima de um homem. Quando chegamos em casa, eu passei direto para o quarto do Bruno. E aquela véspera de carnaval se tornou a melhor véspera de alguma coisa da minha vida...
         Quando o dia chegou, percebi, no café-da-manhã a grande besteira que eu tinha feito. Todos me olhavam como se eu fosse um monstro ou algo do tipo. Eu sinceramente não liguei para a cara que a tia da Mariana fazia e continuei meu café. Resolvi ir à praia. Bruno insistiu em me acompanhar. Por ter apenas 19 anos, eu sentia que o Bruno precisava de mim por alguns motivos. Comigo ele podia ser ele mesmo, podia ser burrinho ou inteligente demais, podia falar coisas obscenas que eu não ligaria. E ele acabou gostando disso tudo. E eu acabei gostando disso tudo o que ele era. E passamos a semana de carnaval como dois namorados curtindo um longo feriado. Mas não era aquilo tudo. Nós sabíamos como podia terminar.
         Eu não era da Bahia. Ele não era da Bahia. Eu morava em Brasília. Ele em Londrina. Existem muitos quilômetros nos separando. E eu sabia que eu era novidade pra ele, mas que novidade uma hora acaba virando coisa usada. Mas o Bruno dizia que iria ser pra sempre e que iria fazer de tudo para transferir a faculdade de engenharia elétrica para Brasília. Eu, por alguns instantes, acreditei. No dia da volta para Brasília, arrumando minhas malas, eu percebi que talvez eu não era tão forte assim.
         Bruno se despediu de mim com um sorriso diferente... parecia triste. Eu respeitei. Eu estava triste também. Eu estava quebrando em pedacinhos por dentro. Ele era simplesmente perfeito. Me acompanhou, dormiu comigo todos os dias, dividíamos a conta dos restaurantes naturalmente, sem reclamar. Era pedir demais ficar para sempre com aquele cara?

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida






Eu bem pensei em escrever uma revolta da minha vida, mas hoje é o terceiro dia do ano, então quero deixar claro que não estou revoltada. AINDA. O que é um milagre.
Eu me olhei no espelho hoje e vi umas espinhas chatas enfeiando meu rosto... Daí um cara super legal no meu messenger, me disse que sou uma mulher interessante. Ganhei meu dia, não pelo elogio, mas por ter me lembrado que realmente sou interessante e bonita e inteligente. E sem vírgulas! Sem pontos finais ou reticências. Eu não me contento com pouco e muito menos com metades.
Não há nada melhor do que começar um ano PAR com ideias fixas e liberdade. Liberdade de ser quem sou, a hora que eu quiser. E os padrões que se danem!
Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida e eu ainda tenho muita coisa para viver !

Amor de carnaval... Parte I

Noite estranha. Já passa da meia-noite e eu já estou deitada. Esse não é o momento em que eu costumo me deitar. Não em pleno domingo. Mas eu me deitei porque eu quero fugir. Depois de uma semana cheia de idéias, de sonhos, de desejos desfeitos, é na minha cama que eu encontro abrigo.
Eu poderia muito bem ficar com esses pensamentos idiotas para o resto da vida, mas eu preciso esquecer. Estou cansada. Estou com fome. O lado ruim de morar sozinha é não ter comida pronta. Estou triste. Ferida. Não sei se estou me amando o tanto quanto eu deveria. O caso é que eu preciso me distrair com algo, com alguém.
Mês passado, na véspera do carnaval, eu estava feliz solteira. Pela primeira vez eu posso realmente assumir que ser solteira tem seus lados bons. E naquele momento eu estava vivendo esse lado. Mariana, minha companheira de faculdade, me convidou para passar o carnaval em Salvador. Eu relutei já que nunca fui do tipo que gosta de festas como essa, mas acabei aceitando. E partimos num ônibus bem capenga, sem ar-condicionado, sem banheiro. A distância de Brasília até Salvador é bem indecente e a viagem foi simplesmente horrível. Depois de muitas horas dentro daquele ônibus horrível, chegamos a rodoviária e dois parentes da Mariana nos esperavam, um primo de sei lá quantos graus e a tia. Sorridentes, eles nos receberam com muita alegria. Mariana me apresentou os dois e quando olhei aquele moreno lindo, acreditei que esse carnaval seria inesquecível. E realmente foi. No mesmo dia, fomos a uma festa estranha com gente esquisita. Bruno, o primo da Mari, foi com a gente, e super prestativo, nos apresentou aos amigos do local. De verdade, a maioria das pessoas que estavam lá, vieram de outros estados. Não tinha praticamente nenhum baiano. Até o Bruno não era da Bahia, era um moreno com olhos claros bem atípico.

         O caso é que no meio daquele povo todo, eu acabei tomando umas doses a mais e sentei em um sofá e no mesmo instante, ao meu lado, sentou o Bruno. Eu definitivamente não sei o que me deu, mas quando percebi, eu estava aos beijos e amassos com ele naquele sofá, sem me importar com quem estivesse ao redor. Que menino maravilhoso. Que boca era aquela? Acho que por estar há uns seis meses sem sequer beijar um homem, aquele momento parecia a abertura do paraíso. Mas o que eu acabei abrindo foi outra coisa...